Alguns cientistas são tão empenhados na profissão que dão a vida
pelas suas descobertas – ok, geralmente eles dão a vida sem querer.
Confira a seguir 8 casos que foram importantes para a ciência, mas que,
de um jeito ou de outro, tiveram um preço alto a se pagar.
8. Marie Curie – morreu por se expor demais à radiação
O oitavo lugar é bem conhecido, mas não é por isto que não merece ser
citado. Em 1898, Marie e seu marido, Pierre, descobriram o elemento
químico rádio e a partir daí a cientista decidiu passar o resto da vida
pesquisando mais sobre a radiação e estudando a radioterapia.
O problema é que ela se expôs demais à radiação e isto fez com que
ela desenvolvesse uma leucemia gravíssima. Marie morreu em 1934, mas
entrou para a história: foi a primeira e única pessoa a receber dois
prêmios Nobel de Ciência em dois campos diferentes, Química e Física.
7. Carl Scheele – morreu por causa do costume de provar as suas descobertas
Scheele foi um químico farmacêutico brilhante – descobriu elementos
como molibdênio, tungstênio, magnésio, cloro e até oxigênio (ainda que
Joseph Pristley tenha divulgado a descoberta primeiro), além de ter
desenvolvido um processo parecido com a pasteurização. O problema de
Scheele é que todo gênio tem um péssimo hábito e o dele era o de provar
suas descobertas. Sim, colocar na boca e experimentar.
O cara chegou a experimentar até cianeto de hidrogênio, substância
que, se misturada com água, vira ácido cianídrico. E saliva tem o quê?
Pois é. Enfim, ele sobreviveu a essa loucura, mas a sorte não dura para
sempre: ele morreu com sintomas de forte intoxicação por mercúrio.
6. Elizabeth Ascheim – morta por raio-X
Elizabeth Fleischman Ascheim casou com um médico, o Dr. Woolf, e
ambos eram fascinados pela recente descoberta de Wilhelm Conrad Röntgen:
a máquina de raio-X. Ela decidiu comprar uma (a primeira de São
Francisco), largou o emprego de bibliotecária e começou a estudar esta
ciência com afinco.
O problema é que eles sempre testavam a máquina neles mesmos e na
época ninguém tinha muita noção das consequências da falta de proteção
contra os raios. Resultado: ela morreu em 1905 de câncer, que se
desenvolveu rapidamente e com muita força. Coitada!
5. Alexander Bogdanov – acabou se matando com transfusão de sangue
O russo Bogdanov era físico, filósofo, economista, escritor de ficção
científica e revolucionário político, mas em 1924 ele resolveu fixar
seus estudos em apenas um experimento: a transfusão de sangue feita em
busca da eterna juventude (ele curtia ficção científica, né pessoal).
Após 11 transfusões ele declarou que sua calvície havia diminuído e
que sua visão havia melhorado. O problema foi que a ciência da
transfusão ainda era recente e ninguém pensava em testar o sangue antes
de enfiá-lo veia adentro. Em 1928, Bogdanov fez uma transfusão com
sangue infectado com malária e tuberculose e não resistiu, morrendo logo
depois, com apenas 55 anos. Eterna juventude?
4. Robert Bunsen – ficou cego no laboratório
Qualquer um que prestou o mínimo de atenção nas aulas de laboratório
vai lembrar que existe um objeto chamado “Bico de Bunsen” por lá e é
deste mesmo Bunsen que estamos falando. O cientista alemão começou a
carreira na química orgânica, mas quase morreu duas vezes por
envenenamento – arsênico, pra variar. Mas ele não desistiu e continuou
com suas experiências por um tempo.
Só que aí, Bunsen perdeu a visão de um olho. Ele acidentalmente
causou uma explosão com cianeto de cacodilo e um caco de vidro voou em
seu olho direito (não, cacodilo e caco de vidro não foi piada). E foi
aí, meu amigo, que ele decidiu trabalhar com química inorgânica e ficou
famoso. É, há males que vem para o bem.
3. Sir Humphry Davy – péssimo hábito de cheirar suas descobertas
Enquanto Carl Scheele tinha a mania de colocar as descobertas na
boca, Humphrey Davy tinha mania de cheirá-las. Pois é, ele tinha o
hábito de inalar os gases das suas experiências e por causa disso ele
quase morreu várias vezes. Várias. Foram tantos envenenamentos e
intoxicações acidentais que o corpo do homem pediu arrego – ele ficou
inválido durante os últimos vintes anos de sua vida. Isto sem contar
seus olhos, que ficaram com danos permanentes por conta de uma explosão
com cloreto de hidrogênio.
E mais: como ele não podia enxergar direito, contratou um
ajudante/aprendiz: Michael Faraday (sim, aquele Faraday que descobriu os
campos elétricos e magnéticos e inspirou um personagem
chato
de Lost). Mesmo com o novo ajudante, a maré de azar continuou a pairar
sobre Scheele. Houve uma outra explosão causada pelo mesmo motivo e os
olhos de Faraday também nunca mais foram os mesmos.
No entanto, vamos combinar que pelo menos para alguma coisa essa
mania doida serviu: foi Davy quem descobriu as propriedades anestésicas
do óxido nitroso, vulgo “gás hilariante”.
2. Galileu Galilei – mais outro que se cegou
O trabalho de Galileu é exaltado em todos os lugares. O físico,
astrônomo, filósofo e matemático foi muito importante para a revolução
científica e várias de suas descobertas aconteceram com a ajuda do
telescópio refrator que ele mesmo aperfeiçoou. O problema é que de tanto
olhar pelo telescópio ele acabou arruinando a própria visão – ou
melhor, de tanto olhar para o Sol usando o telescópio sem proteção
alguma. Suas retinas não aguentaram o tranco e muitos acreditam que foi
por isto que ele ficou praticamente cego nos últimos anos de sua vida.
1. Louis Slotin – morreu por fissão nuclear acidental
O canadense Louis Slotin trabalhou no famoso Projeto Manhattan,
aquele que criou as primeiras armas nucleares dos Estados Unidos.
Acontece que durante os experimentos ele acidentalmente deixou cair uma
esfera de berílio envolta em plutônio em uma outra igual, causando uma
reação imediata. Cientistas que estavam por perto viram um brilho azul
diferente e sentiram uma onda de calor. Slotin saiu correndo da sala
passando mal e foi levado ao hospital às pressas. O episódio inspirou a
criação do personagem Dr. Manhattan, da HQ
Watchmen. A
diferença é que, na história, o cientista adquiriu habilidades especiais
e ficou permanentemente azul. Na vida real, o pesquisador morreu.
O cientista foi exposto a uma quantidade de radiação absurda –
calcula-se que era como se ele estivesse a menos de 1,5km de distância
da explosão da bomba atômica. Foi a partir daí que o laboratório de Los
Alamos passou a ter medidas de seguranças bem sérias e a manipulação de
tais substâncias passou a ser feita apenas por máquinas, garantindo uma
distância respeitável dos cientistas.
*Bônus*
Hoje temos DUAS participações especiais na nossa listinha:
- Benjamin Franklin – poderia ter sido o pai da cadeira elétrica
Benjamin Franklin estava tentando eletrocutar um peru quando, sem
querer, acabou soltando uma grande descarga elétrica em si mesmo. “O
raio foi enorme e fez um barulho tão alto quanto o de uma pistola”,
descreveu o cientista. “Foi um experimento de eletricidade que eu desejo
que nunca mais se repita!”. Eis um caso em que o cientista se machucou,
percebeu o potencial e avisou do seus males na tentativa de fazer um
bem à humanidade – mas a humanidade não levou a opinião do cientista a
sério e pronto, surgiu a cadeira elétrica.
- Albert Hoffman – descobriu os efeitos do ácido lisérgico… e não se machucou nem um pouco
Em 1943 o cientista suíço Albert Hoffman estava trabalhando no
isolamento de princípios ativos presentes em um fungo, pesquisando uma
substância que impedisse o sangramento excessivo após o parto. Ele
estava analisando o ácido lisérgico quando a substância foi
acidentalmente absorvida pela pele e ele precisou parar tudo o que
estava fazendo – “senti tontura, distorções visuais… um desejo de rir”,
contou Hoffman. E foi aí que a era do LSD começou.
Foi uma descoberta que, ao contrário das outras, não trouxe mal algum
ao cara. Hoffman viveu até os 102 anos muito lúcido e morreu de ataque
cardíaco!